PET Educação Popular lança livro com produções na Saúde Mental de Santos


Desde 2017 o Projeto de Extensão Cultura da Palavra e Saúde Men-tal, ligado a PET (Programa de Educação Tutorial) Educação Popular - “criando e recriando a relidade social” da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vem realizando oficinas e atividades nos Cen-tros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Santos. As parcerias com o CAPS Zona Noroeste, CAPS Centro, CAPS Vila e CAPS Praia, que são os serviços em que o projeto acontece, não teriam sido possíveis 
sem a articulação das extensionistas com profissionais e usuári-os(as) que resolveram nos acolher e entenderam que o projeto poderia ser um dispositivo potente no serviço, haja vista a deman-da por alfabetização e letramento de algumas pessoas que foram, ao longo da vida, privadas do direito à educação, um direito básico. Nesse caminho, para além da vontade de descobrir junto como po-demos aprender a ler e escrever, partimos para a realidade de cada CAPS, a realidade das pessoas que por ali circulam, convivem, com suas trajetórias de vida, seus sonhos, suas dores.
Munidos da vontade de aprender e com algumas pistas que o mes-tre Paulo Freire nos deixou em seus livros, especialmente o “Peda-gogia do Oprimido” e “Pedagogia da Autonomia”, tentamos propor uma convivência de trocas, espaços de compartilhamento, de debates, de artes, de desconstrução e/ou crítica sobre a opressão. Esse livro é fruto desse esforço no ano de 2019 e traz uma mostra do que foi desenvolvido ao longo de quase 100 oficinas presenciais com participação de mais de 60 usuários. 
Vale lembrar a parceria com o Projeto “Vozes da Voz” e a “Ra-diosilva.org” que levou a rádio universitária para os CAPS e que trabalhou os conteúdos dos programas nas oficinas de educação popular, o projeto Trajetórias,  que somou forças em atividades e que é grande aliado na luta antimanicomial, a Residência Multi-profissional em Redes de Atenção Psicossocial (RMRAPS) que deu retaguarda e somou no planejamento e execução de várias  oficinas, o estágio em psicologia “Subjetividade, Território e Memória: o rádio como dispositivo de ação” e em Serviço Social do “Centro de Educação em Direitos Humanos” que compuseram e entrelaçaram es-forços desde o início do ano apoiando e sendo apoiados pelo “Cultura da Palavra”. Também gostaríamos de lembrar de Maria Lidína de Oliveira e Silva e Raiane Patrícia Severino Assumpção, tutoras do PET que, a partir do guarda-chuva da educação popular, dão retaguarda às várias frentes, assim como organizam e coordenam as atividades coletivas. Lembrar dos colegas dos serviços, especialmente Vlamir (CAPS Centro), Anna Bárbara (CAPS Vila), Gabriela (residente CAPS Zona Noroeste), Adriana (CAPS Praia) e Leandro (CAPS Praia) que de fato nos receberam e apoiaram com carinho. Francisca Pini e Júlia Alonso que compuseram processos formativos que ajudaram as idas a campo.
Que cada poesia, texto, ilustração exposta nesse livro possa incentivar a criação de outras novas. Que novos processos coletivos sejam ini-ciados e que novos afetos sejam entrelaçados na luta social, já que a sombria realidade que se instalou no Brail, a partir de 2016, nos incita ao ódio e a laceração do encontro: à desumanização.
Como diria nosso mestre Paulo Freire: “a alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.
Assim seguimos, assim resistimos, por aqueles que não estão sobrevivendo.

Fabrício Gobetti Leonardi
Coordenador do Projeto de Extensão “Cultura da Palavra na Saúde Mental”




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