“Mande notícias do mundo de lá... CHEGUEI!"


Finalmente em casa. Não sei porque, mas a música de Maria Rita Encontros e Despedidas não sai da minha cabeça desde que saí de Belém, talvez tenha a ver com a musicalidade do norte e nordeste, talvez tenha a ver com o povo desse Brasil afora, mas o fato é que voltei.
Apresentar um trabalho num Congresso Brasileiro é gratificante, pois representa a conquista e o reconhecimento, mas infelizmente esses espaços, onde se pretende receber milhares de pessoas, nunca está de acordo para atender às necessidades dos participantes. Organização é tudo!
Tive várias surpresas, umas negativas e outras positivas. As negativas, começaram na recepção que tivemos ao chegar, além do cansaço, sem informações, sem alojamento, sem infra estrutura, paralisações, organização, nervosismo, distância. As positivas superaram tudo isso, porque faz mais sentido para mim, prestar atenção ao que se passa ao meu redor, a começar pelo calor.
Isso mesmo, calor. Calor do lugar e calor de um povo afetuoso! Isso me cativa! Calor é tudo.
Conversas e rumores, cheiros e odores, olhares e cores, vida! Calor e chuva, tudo junto. Após a chuva...encontros e amores.
Às margens do Rio Guamá, fica a UFPA. Mas também tem a Doca e a Feira de Ver-o-Peso.
Na UFPA, que é cercada de uma população menos privilegiada, nota-se que nem tudo é como parece. O campus tem muito verde, uma vastidão da natureza em meio às construções dos institutos, é uma cidade. Gente que entra e sai, estudantes que vem e vão. Mesmo lá dentro, existe a contradição. De um lado, o profissional e de outro, o básico. No profissional, os cursos tecnológicos voltados para o mercado capitalista. No básico, os cursos de humanas voltados para as pessoas. Mas o de medicina, nem fica lá. É em outro local, mais centralizado, mais elitizado.
Na Doca, tem bons restaurantes e tem barca que sai em passeios de hora em hora pelo rio caudaloso. Tem cervejaria que fabrica cerveja de vários tipos e sabores. Tem sorveteria com sabores únicos, nunca antes experimentados. Se não dançar o carimbó, pode tomar: Cupuaçu com castanha. É delicioso! Local de encontro dos casais enamorados, romance no ar. Ponto turístico.
Na Feira de Ver-o-Peso tem vida! Sim...lá tem vida. A vida como ela é. Cheia e dura. A vida que amanhece e anoitece num trabalho árduo, cheio de calores e cores, de cheiros e odores. Um local de pessoas calorosas e de comidas com nomes estranhos e sabores desconhecidos. Lá tem maniçoba, tacacá com tucupi, açaí na tigela com farinha d’água e filé de dourado, ahh... e tem carne, muita carne. Se não gostar, pode até magoar. Tem suco de cupuaçu, murici e abacaxi, mas o melhor mesmo é a tapioca, para comer é só chegar! Eram tantos os odores, que logo quis sair de lá!
Isso tudo sem contar sobre o artesanato local, a cerâmica Marajoara, as bijuterias e as essências. Lugar abençoado esse, onde o povo traz de seus ancestrais os saberes de produzir coisas tão ricas e belas.
Para mim, a importância de estar em lugares como este, vem como uma dádiva, um privilégio.
Acho que por esse motivo, a música continua na minha cabeça, mesmo agora no momento em que escrevo.
Da direita para esquerda: Ricardo, Brenda Mairã, Mahirú, Bete, Valéria, Diego.
Diz quem fica...digo que ficou. Ficou a saudade, em especial de dois lindos frutos daquela terra, Mairã e Mahirú. 
Melhor ainda é poder voltar...quando quero. Sim. Quero voltar um dia, para matar as saudades e explorar lugares que não pude conhecer, lugares como a Ilha de Marajó e as Praias de Salinas.
Tem gente que chega para ficar...tem gente que vai para nunca mais. Cantei este trecho, erroneamente. Acho que foi o cansaço e o nervosismo.
Agora, refletindo sobre tudo que vivenciei, tem um trecho que expressa melhor minha vontade nesse momento...Tem gente que vem e quer voltar...tem gente que vai e quer ficar...tem gente que veio só olhar...tem gente a sorrir e a chorar, e assim chegar e partir...
É isso, um dia quero voltar e quem sabe ficar, para nunca mais partir.
(Valéria de Oliveira Ribeirinho)

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